O seqüestro da informação
aciona as turbinas da cadeia de corrupção política da vontade pública.
Essencial à falsificação da agenda social, a pré-fabricação de opinião pública,
a antivontade pública, é a mina de ouro da GMB. Pesquisas de resposta a tudo menos
ao que realmente interessa investem o conjunto de conglomerados da condição de
porta-voz da sociedade, sócio reconhecido do poder pela capacidade de produzir
ou neutralizar pressão. Apenas um pré-requisito: a unidade do bloco.
Sem monolitismo, a GMB não
exibiria a musculatura de partido único típico de ditadura social. O Estado
Democrático de Direito convive com um poder paralelo - o sindicato da mentira -
consolidado no arrombamento constitucional que liberou geral o saque privatista.
Pesquisas pré-direcionadas despistam os movimentos da GMB na contramão do
projeto nacional e abrem espaço à ação de grupos predadores dos ativos
nacionais, tangíveis e intangíveis, direitos sociais inclusive.
A falsa democracia de opinião
camufla o leilão da credulidade popular na bolsa de valores política. A
necessidade de produzir opinião pública incessantemente, na vaga da vontade
pública dissolvida, ejetou o jornalismo para trás. Massa pré-cozida de opinião
pública, a unanimidade das notícias de todas as mídias esgotou as últimas
reservas éticas das grandes redações. Fosse apenas estratagema de faturamento
de status, a fabricação de opinião pública fatalmente acabaria desmoralizada
pelos fatos. Isso já aconteceu - a credibilidade da grande mídia caiu em nível
inquietante - mas o beco não tem saída.
O engarrafamento de fumaça
colorida - o que é na verdade a indústria da opinião pública - não pode ser
cortado abruptamente. Além de instrumento de chantagem e de cooptação, opinião
pública sob encomenda funciona como vitrina de suborno da classe média, na
exposição de seus objetos de desejos simbólicos. Chantagem e suborno, o duplo
fim esperto do engarrafamento de opinião pública, tudo a ver com arrastão.
É saque dos bens subjetivos
coletivos disponíveis no espaço público. Casco do país continental,
diversificado étnica e culturalmente, socialmente heterogêneo, o Brasil Real
rejeita a unipluralidade da informação/opinião à base de desigualdade social.
Versão avançada da integração nacional pela escravidão do Império, a coesão
pela desigualdade rachou, notícia que a GMB nunca dará, por trair sua
cumplicidade na consumação do apartheid social.
Antes de desaprumar os
compromissos do PT, a corrupção unimultimidiática capturou os neurônios da
intelectualidade, depositária fiel do imaginário social brasileiro. Em troca de
brilhatura bissexta nos cadernos de cultura, nenhum questionamento dos cânones
elitistas de interdição ao debate e esterilização das expressões de diversidade
cultural e pluralidade política; nada contra a reprodução certificada das
culturas de alheamento, dessensibilização e desidentificação que naturalizam e
inevitabilizam a desintegração social; um e outro pio contra o fundamentalismo
da colonização de corações e mentes.
A intelectualidade oficial
legitimou, por omissão, a deseducação, a dessociabilização e a desagregação em
massa programadas da grande mídia. A intelectualidade oficializa, na academia,
os paradigmas de exclusão social pela informação, que retiram da GMB a
característica de serviço de interesse público. Nada contém o ímpeto
socialmente canibalizador da tropa de choque das elites. Pelo controle social
da Grande Mídia Brasileira!